O Instituto Guaicuy publicou a 8ª edição do Boletim Saúde nesta quarta-feira (19). O documento aborda as doenças crônicas não transmissíveis, que são aquelas que se desenvolvem ao longo da vida, muitas vezes de forma lenta, silenciosa e sem apresentar sintomas, mas que comprometem a qualidade de vida e oferecem grave risco à vida das pessoas.
O boletim traz uma breve explicação sobre o tema, cujos exemplos são doenças do coração, rins, respiratórias, cânceres e diabetes mellitus. Também traz dicas de prevenção para diminuir o risco do surgimento ou evitar o agravamento de doenças crônicas não transmissíveis.
Durante o trabalho do Guaicuy como Assessoria Técnica Independente das pessoas atingidas pelo desastre-crime da Vale, foi relatado ao Instituto o surgimento e/ou agravamento de diversas doenças crônicas não transmissíveis. De acordo com o Boletim, nos acolhimentos psicossociais registrados até 10 de março de 2023, do total de 908 pessoas acolhidas pelo Guaicuy, 56 relataram agravamento da hipertensão, 24 da diabetes e 9 de doenças nos rins após o rompimento da barragem.
“O rompimento da barragem pode influenciar no surgimento de doenças crônicas não transmissíveis ao longo do tempo ou no agravamento da doença naquele que já estava doente antes do rompimento. Isso pode ocorrer por diversos caminhos, tanto pela exposição aos metais oriundos da lama de rejeitos, como pelas mudanças no modo de vida das pessoas, que podem ter dificultado ainda mais as condições de vida das pessoas atingidas. Mas destacamos que não podemos afirmar, com base nos levantamentos feitos pelo Guaicuy, que o surgimento ou agravamento dessas doenças foi provocado pelo rompimento da barragem, mas, somados a outros tipos de estudos, esses dados podem ser usados para fortalecer essa hipótese e o processo de luta por reparação integral”, afirma a equipe do Guaicuy.