O Instituto Guaicuy está realizando reuniões com as comunidades de Pompéu e Curvelo para fazer o repasse das análises ambientais. O objetivo é informar o resultado das pesquisas de qualidade da água do rio, do solo, de sedimentos e de poços e cisternas após o rompimento da barragem da Vale e alertar a população para possíveis riscos.
“O fator comum a todos os danos sofridos pelas pessoas atingidas é o rio. Por isso, no Instituto Guaicuy existe um setor de análise ambiental para avaliar tudo aquilo que pode ter sido contaminado pelos rejeitos, após o rompimento, e garantir informação qualificada para as comunidades”, explica Aline Tavares, da equipe de Estudos Ambientais do Guaicuy.
Por determinação judicial, a Vale também faz esse monitoramento, mas os resultados ainda não são disponibilizados às Assessorias Técnicas Independentes (ATIs) e nem às pessoas atingidas. “As análises realizadas pela ATI são uma conquista das comunidades atingidas. As informações que levantamos são um direito e um instrumento de luta e conscientização”, reforça Aline.
De dezembro de 2020 a fevereiro de 2022, o Guaicuy tem feito coletas e estudos para acompanhar as alterações. Foram encontrados diversos metais acima do limite permitido pela legislação na água do rio Paraopeba, na barragem de Retiro Baixo e na represa de Três Marias. A frequência e as concentrações dos metais são maiores até a barragem de Retiro Baixo, mas também aparecem após este ponto. Além disso, fica claro que nos períodos chuvosos, estas alterações na água são significativamente maiores.
Além disso, Aline explica que “o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) já fazia o monitoramento antes do rompimento da barragem, assim temos dados de comparação. Antes dos rejeitos já havia concentrações de metais pesados acima do limite por outras ações humanas, mas o aumento e a recorrência dessas alterações, após o rompimento, são expressivas”.
Recomendação dos órgãos ambientais de Minas Gerais
De acordo com o Estado, a partir do Igam e de outros órgãos ambientais responsáveis, a água do Rio Paraopeba oferece riscos à saúde humana e animal. A recomendação é de suspensão do uso da água bruta para qualquer finalidade (incluindo banho, pesca, irrigação e dessedentação animal), no trecho que vai do município de Brumadinho até a barragem de Retiro Baixo, em Pompéu.
Repasse das análises ambientais: próximos passos
A equipe do Instituto Guaicuy vem dialogando e está formulando ofícios para enviar aos órgãos estaduais competentes, com o objetivo de que haja um acompanhamento dessas análises ambientais e que as devidas providências sejam tomadas. Assim que o Instituto tiver algum retorno, será repassado às comunidades.