Quando se mudou para o Recanto do Laranjo (Pompéu), João Carlos sonhava com uma vida tranquila. O aposentado deixou tudo o que tinha em Sete Lagoas para viver no seu “pedacinho do paraíso”. A história de João se juntou às outras durante a escuta e troca de informações no Plantão Guaicuy, no último dia 19 de março.
Hoje, com 68 anos, lamenta que não possa mais receber a família para curtir o dia às margens do rio Paraopeba. A mortandade dos peixes e a qualidade da água causam apreensão e transformam o sonho em pesadelo.
O Plantão aconteceu durante a manhã e à tarde, e os técnicos do Instituto ficaram na entrada do condomínio para tirar dúvidas sobre os direitos das pessoas atingidas pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho.
Mathias Botelho, mobilizador da equipe de campo do Instituto Guaicuy, destacou que o assunto mais recorrente durante os atendimentos foi sobre o Programa de Transferência de Renda (PTR) e a qualidade da água. “O Guaicuy está aqui cumprindo o seu papel de incentivar a participação informada das pessoas atingidas no processo de reparação”, reforçou.
Atento e curioso, João Carlos fez muitas perguntas. “O atendimento do Guaicuy me ajudou a tirar dúvidas. Me preocupo com a qualidade da água porque não pode ser consumida nem pelos animais”, pontuou.
Em relação ao PTR, a integrante da equipe de direitos do Instituto Guaicuy, Juliane Oliveira, reforçou que “atualmente estão abertos os cadastros de pessoas que, em algum momento, receberam pelo menos uma parcela do pagamento emergencial e que tiveram o benefício bloqueado ou cortado indevidamente”.
“O Programa de Transferência de Renda vem como uma reparação socioeconômica para as pessoas que residiam na época do rompimento às margens do rio Paraopeba ou que sofreram com o desabastecimento de água, receberam obras emergenciais, que moram às margens do Lago de Três Marias. Essas pessoas foram drasticamente afetadas, porque tiveram o seu lazer e sua fonte de renda afetados, já que grande parte usava a pesca para consumo e venda. O PTR tem como objetivo garantir que as pessoas atingidas tenham condições materiais de se sustentar enquanto o processo de reparação está em andamento. Por isso, o programa prevê um pagamento em dinheiro e mensal para as pessoas que atenderem os critérios definidos pelo juiz”, completa Juliane Oliveira.
Atingido, João Carlos lamenta: “Não espero mais nada da Vale. Fizeram isso (se refere ao rompimento) na água. Ela tem que assumir as consequências”.
Plantão Guaicuy: mobilização e acolhimento
No mesmo dia, 19 de março, a equipe do Guaicuy esteve presente nas comunidades Reino dos Lagos, São Marcos e Santa Cecília com as pautas:
– direitos das pessoas atingidas,
– andamento do Anexo 1.3 (projetos para a bacia do rio Paraopeba, parte do acordo firmado entre Vale, Estado de Minas Gerais e Instituições de Justiça em 2021);
– construção da Matriz de Danos;
– Programa de Transferência de Renda;
– atuação do Instituto no território.
Momento multidisciplinar, as reuniões de núcleo contaram com técnicos da mobilização, agrário, direitos, ambiental e saúde e assistência social.
Caso queira saber mais sobre o Plantão Guaicuy e outras ações do Instituto, entre em contato com a gente!