Pessoas de todas as regiões atingidas pelo desastre-crime da Vale e representantes das Assessorias Técnicas Independentes (ATIs) foram recebidas pelo governo federal em Brasília na última quarta-feira (14). Em reunião com Luiza Dulci, da secretaria-geral da presidência da república, Júnior Fidelis, representante da Advocacia Geral da União (AGU), e Juliano Cortinhas, representante da Casa Civil, as pessoas puderam expor suas críticas ao processo de reparação na bacia do Paraopeba e Represa de Três Marias.
Tatiane Menezes (Assentamento Queima Fogo/Pompéu) e Eunice Godinho (Cachoeira do Choro/Curvelo) foram as representantes da Região 4, enquanto Liderjane Gomes (Povo Kaxixó/Martinho Campos) foi a representante da Região 5. Pelo Instituto Guaicuy estiveram presentes a diretora Carla Wstane e a gerente Júlia Nascimento, enquanto a assessora Paula Oliveira participou de maneira virtual.
Muitas das falas na reunião criticaram a falta de participação das pessoas atingidas na formulação do Acordo – firmado entre Vale e Poder Público em fevereiro de 2021 – bem como na execução da reparação. Tais críticas servem de alerta ao governo federal no momento em que o poder executivo se esforça para construir uma repactuação na Bacia do Rio Doce e cogita usar como modelo em Mariana o Acordo de Brumadinho.
Críticas à reparação
“A reparação nunca acontece na proporção do crime”, criticou Eunice Godinho. “Faz mais de quatro anos que estamos aqui”, completou. A moradora de Cachoeira do Choro aproveitou a reunião para lembrar que não existe nenhum espaço do poder público mineiro de escuta às pessoas atingidas e que, enquanto a reparação não chega às pessoas, muita gente está adoecendo e morrendo nos territórios.
Eunice também considerou que o poder público e as Instituições de Justiça (IJs) subestimam a capacidade das pessoas atingidas de entender o que aconteceu no desastre-crime e o que está acontecendo na reparação. “Talvez muitos de nós, que estamos aqui, não vejamos essa reparação. Estamos lutando pelas futuras gerações”, afirmou.
Luiza Dulci, representante da presidência da república, solicitou às pessoas atingidas e ATIs presentes que indiquem as experiências bem sucedidas na Participação Social, bem como indiquem os eventuais problemas na execução do Acordo de Brumadinho, o. “Queremos entender os problemas enfrentados em Brumadinho nas várias áreas. Várias coisas devem acontecer de forma semelhante no Rio Doce”, afirmou.