Análises de diversos órgãos mostram que água segue inadequada para usos como consumo humano, dessedentação de animais, irrigação, pesca e recreação
A previsão de fim de semana prolongado com sol e calor em Curvelo e Pompéu preocupa especialistas do Instituto Guaicuy que alertam para o risco de as pessoas nadarem no rio Paraopeba.
O Instituto Guaicuy reforça que os impactos do rompimento da barragem de Córrego do Feijão, que afetou comunidades de Brumadinho a Três Marias, ainda estão sendo dimensionados. Então, o Guaicuy reafirma as recomendações já existentes de diferentes instâncias públicas sobre o risco da utilização da água bruta do Rio Paraopeba.
Essa recomendação se sustenta como medida de precaução. Afinal, até o momento, informes e notas oficiais publicadas, indicam incertezas sobre a qualidade das águas desses ambientes. Portanto, mantém-se a orientação para se suspender os diferentes usos do recurso hídrico, enquanto não haja consenso em relação à segurança.
Diversas instituições, como as Assessorias Técnicas Independentes (ATIs), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), a Secretaria Estadual de Saúde (SES-MG), a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) e a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA), vêm desenvolvendo estudos independentes sobre a contaminação do rio Paraopeba. Alguns desses estudos têm mostrado que, de fato, a água do rio permanece inadequada para usos diversos, como por exemplo, consumo humano, dessedentação de animais, irrigação, pesca e mesmo para recreação.
O IGAM, por exemplo, mantém a recomendação de que a água do Rio Paraopeba não deve ser utilizada no trecho que abrange os municípios de Brumadinho até o limite da Usina Hidrelétrica de Retiro Baixo, em Pompéu (aproximadamente 250 km de distância do rompimento).
Estudo contratado pela Vale e divulgado na imprensa sugere recuperação do rio
Na última semana, circularam notícias na imprensa mineira sobre uma suposta recuperação da qualidade da água do Rio Paraopeba. As três Assessorias Técnicas Independentes que atuam na região do Paraopeba – o Instituto Guaicuy, a Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social (Aedas) e o Núcleo de Assessoria às Comunidades Atingidas por Barragens (Nacab) – denunciam a irresponsabilidade dessa informação. Apesar de o estudo ter sido elaborado com o levantamento de dados ocorrido em abril, os resultados foram divulgados apenas dias antes da última audiência, realizada na última terça-feira (06/10).
As afirmações veiculadas se baseiam em um estudo contratado pela própria Vale. Os resultados apresentados nas matérias são questionáveis, visto que esta não é uma pesquisa independente e dificilmente produziria provas contra a sua contratante. Desta maneira, não é possível certificar a qualidade e a confiabilidade do estudo em questão.
De acordo com as matérias, o estudo envolveu apenas quatro campanhas de coletas para análises, sendo que três campanhas foram realizadas em períodos secos e uma no mês de março, já no fim do período chuvoso. Os especialistas das três ATIs que atuam nas áreas impactadas consideram que isto é uma falha metodológica importante e que compromete a capacidade de se tirar conclusões sobre a qualidade da água do Rio Paraopeba, pois a disponibilidade de resultados que não abrangem o auge do período chuvoso tende a mascarar reais alterações sentidas no curso d’água.
As matérias sugerem também que, atualmente, o esgoto é mais nocivo ao rio do que o rompimento da barragem, o que não condiz com a realidade, segundo avaliação dos profissionais do Guaicuy. Estes metais normalmente não são encontrados em grandes concentrações no esgoto doméstico. Além disso, resultados de análise de água realizadas pelo IGAM demonstram que houve acréscimo nas concentrações de diversos metais encontrados na água do rio após o rompimento da barragem.As Assessorias Técnicas Independentes apoiam e reforçam a orientação para que as pessoas não acessem e utilizem a água do rio.
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