Dia da árvore: cada árvore importa

O Dia da Árvore é comemorado em 21 de setembro em razão do início da primavera que ocorre nesta mesma época. Assim, a data tem o objetivo de conscientizar e preservar este bem tão valioso. Desde muito cedo em nosso país as árvores representaram um grande poder simbólico e ambiental: o próprio nome do Brasil deriva de uma árvore, o pau-brasil. 

As árvores são as grandes responsáveis pela qualidade de vida de animais e humanos no planeta. Elas geram alimentos, regulam a temperatura do meio ambiente, a umidade do ar e as chuvas, fornecem sombra e abrigo, protegem nascentes e encostas com suas raízes. Além disso, suas folhas possuem propriedades medicinais e ainda produzem oxigênio no processo de fotossíntese. 

Apesar de serem essenciais para a vida, as árvores estão sendo ameaçadas por ações humanas, como a expansão urbana e a agrícola. Em 2020, segundo dados da Global Forest Watch, o desmatamento foi 12% maior do que no ano anterior. Os números apontam mais de 12 milhões de hectares de florestas tropicais desmatadas no mundo, sendo que dessas, 4,2 milhões correspondem a florestas tropicais úmidas, responsáveis pelo armazenamento de carbono. Sem elas, é como se quase 600 milhões de veículos estivessem emitindo anualmente gás carbônico na atmosfera. 

 

Dia da árvore:

O Brasil, mais uma vez, lidera o índice de desmatamento de árvores no mundo

De acordo com o relatório anual do Map Biomas, em 2020, foram perdidos 158 hectares por hora no Brasil. O Map Biomas mostra que quase 100% de toda a perda florestal aconteceu em decorrência de atividades ilegais. Assim, a destruição foi tão grande que cerca de 13 mil km² foram perdidos, o que equivale aproximadamente a quase toda a região metropolitana de Belo Horizonte.

Em comparação ao ano anterior, o aumento foi de 14%. Os biomas da Amazônia e Cerrado representam preocupantes 92,1% do desmatamento, a maior perda do país. O dia 31 de julho foi marcado como o dia com maior perda de vegetação: quase cinco mil hectares foram desmatados e mais de 2 milhões de árvores foram cortadas. 

Queimadas na estação mais seca do ano 

A estação seca, entre os meses de julho a outubro, concentra o maior número de queimadas no país: 83%. Apenas em agosto a Amazônia já registrou mais de 28 mil focos de queimadas, o terceiro maior índice em onze anos.  A previsão é de que este número aumente e 2021 se torne o ano com maior número de incêndios florestais da década. Minas Gerais foi o estado com as maiores ocorrências de focos de incêndio no mês de setembro, com o surgimento de um novo foco, em média, a cada dois minutos. 

As nascentes de águas

Dentre os muitos benefícios trazidos pelas árvores, um deles é a proteção das nascentes de águas. Assim, em uma das maiores crises hídricas do país, as árvores se tornam ainda mais relevantes para que as nascentes sejam menos vulneráveis às ações naturais como a chuva, vento, radiação solar e temperatura. Nas áreas mais próximas dos rios, as árvores ainda auxiliam evitando a perda de biodiversidade aquática.

“A perda das árvores causa o assoreamento de nascentes, diminuição nas taxas de infiltração e por fim as nascentes acabam por secar. Logo, em escala local é importantíssimos manter as nascentes com um mínimo de vegetação determinado na legislação, 50 metros de vegetação ao redor da nascente. Dessa forma a comunidade assegura a produção de água local” manifesta Flávia Freire, bióloga e analista da equipe de Estudos Ambientais do Instituto Guaicuy.

No início da primavera, país registra recordes de altas de temperaturas

As mudanças climáticas estão se tornando cada vez mais frequentes e graves, e uma das causas desses impactos é a ausência de arborização. 

As árvores são essenciais para a regulação de chuvas e, por meio do processo de evapotranspiração, em um dia ensolarado, podem disseminar até mil litros de água no ar. 

“Em escala global, estes impactos são sentidos através das mudanças climáticas. Essa onda de calor que está ocorrendo atualmente é decorrente de todos os impactos em conjunto, e isso gera um ciclo não desejado: muito calor, muita seca, perda de água, facilidade de ocorrência de queimadas, muitas queimadas, mais calor, mais lançamento de poluentes para atmosfera, mudança climática, perda de árvores e assim sucessivamente” explica Flávia.

Além disso, por meio da fotossíntese, as árvores capturam o dióxido de carbono (CO2) e o armazenam em seus troncos e raízes, retirando o principal gás de efeito estufa da atmosfera. 

Impacto na vida dos animais 

Isabela Martins, bióloga e analista da equipe de estudos Ambientais do Guaicuy,  manifesta que o desmatamento tem um impacto negativo para a fauna, “Um dos maiores impactos da perda de árvores é também a perda dos habitats dos animais, o que faz com que eles cada vez mais fujam e procurem lugares que possam se abrigar. Eles ficam desnorteados, querem fugir do fogo e querem entrar para as cidades. O que é muito ruim para todos, porque além de retirá-los da natureza, podem entrar animais selvagens nos ambientes urbanos e colocar em risco todo um ecossistema” (Isabela, bióloga)

As árvores são as grandes guardiãs da vida na floresta e são lar de inúmeros animais, com muitos deles se encontrando sob risco de extinção. O desequilíbrio ambiental causado pela perda de vegetação é gigantesco e é diretamente responsável por provocar uma grande perda de biodiversidade e colocar em risco diversas espécies, como aves, mamíferos, répteis e invertebrados que dependem da existência das árvores em seu habitat natural para a sua sobrevivência. 

Fontes: Global Forest Watch, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), WWF-Brasil, MapBiomas

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