DFIPA: Guaicuy apresenta resultados às comunidades e informa sobre a segunda etapa

O DFIPA- Diagnóstico Familiar e Individual sobre Perda das Pessoas Atingidas foi aplicado nos meses de outubro e novembro de 2020 nos municípios de Pompéu e Curvelo. A segunda etapa da pesquisa acontece a partir de 28 de maio

Na última sexta-feira, o Instituto Guaicuy se reuniu com comunidades atingidas para conversar sobre o DFIPA, o Diagnóstico Familiar e Individual sobre Perda das Pessoas Atingidas, e apresentar os resultados parciais da pesquisa. Participaram do encontro cerca de 54 pessoas incluindo Civitas (empresa responsável pela aplicação do questionário), integrantes da Coordenação de Acompanhamento Metodológico e Finalístico e pessoas atingidas das comunidades de Pompéu e Curvelo, onde a pesquisa foi realizada.

Reunião aconteceu na última sexta-feira, 21, às 19h, de forma virtual.

“Pensamos este encontro como um momento de resgatar a pesquisa que foi feita, para que a gente possa, depois desses meses de elaboração e aplicação, mostrar um pouco dos resultados, além de explicar o uso das informações que foram divididas conosco e também apontar os próximos passos”, diz Gabriela Fraga Fernandez, coordenadora da equipe de Pesquisa em Ciências Sociais do Guaicuy. 

O DFIPA visitou 995 casas e registrou a identificação de 3.326 pessoas atingidas, levantando informações importantes sobre água e cadeias produtivas. A pesquisa teve como objetivo conhecer melhor a realidade das comunidades, além de detalhar os danos causados pelo rompimento da barragem da Vale no cotidiano das famílias atingidas. 

Importância do DFIPA 

Para o psicólogo, especialista em estatística e dados quantitativos da equipe Guaicuy, Marcus Lepesqueur, “esta pesquisa é um importante instrumento para que a assessoria técnica possa apresentar à justiça onde estão as violações de direitos e os danos causados”. 

Ainda segundo Lepesqueur, na primeira etapa do diagnóstico, abriu-se a possibilidade de denúncias sobre questões relativas ao pagamento emergencial, por exemplo a falta de pagamento ou atrasos. Os entrevistados também falaram sobre dificuldades de comprovação para receber o pagamento e questões sobre falhas no acesso à água, tanto para consumo humano quanto para animais, dentre outros pontos importantes. 

Nivea Almeida, moradora de de Cachoeira do Choro, relatou uma situação delicada no território, além de dificuldades para dialogar com a Vale. Sobretudo, no que diz respeito à obrigação judicial da empresa de fornecer água em quantidade e qualidade suficientes para as pessoas. “A cada dia que passa, aumenta mais o descaso com as pessoas e as comunidades atingidas. Além de estarmos passando por tudo isso, ainda estamos com falta de água para animais e água mineral. Agora, com o acordo, é que a Vale não vai se posicionar mesmo”, aponta. 

Alguns resultados parciais

Durante a reunião, Nívea e outros moradores perguntaram como o DFIPA pode ajudar na luta pela reparação dos direitos. Depois, a equipe apresentou alguns resultados que contaram com informações levantadas na pesquisa: 

  • Colaborou na construção do Dossiê água 
  • Identificou de grupos vulnerabilizados na matriz de danos (idosos, pessoas com deficiência, pessoas em insegurança alimentar);
  • Embasou relatórios e notas técnicas a respeito do pagamento emergencial entre diversas outras atividades do Guaicuy.
  • Contribuiu para a elaboração da Matriz de Danos, documento com detalhes sobre os danos. Este procedimento faz parte da busca pela indenização individual. 

Um dos dados catalogados sobre a água aponta que à época, a demanda por água no município de Curvelo era de 427 famílias. Porém, apenas 68 receberam água da Vale, dessas, 12 continuaram recebendo. Em Pompéu, a primeira etapa do DFIPA apontou uma demanda de 260 famílias. Dessas, 89 chegaram a receber a água e apenas 42 continuaram a recebendo. Veja os dados no gráfico a seguir:

Gráfico apresenta levantamento feito em campo pela pesquisa do DFIPA em relação à água.

Estes e outros elementos precisam ser expostos no processo de busca por reparação. “É preciso conhecer a realidade da região. Quando for exercer a interpretação das análises é preciso entender a engrenagem. Isso, porque existem as pessoas de cima e as debaixo, que sempre são as prejudicadas”, afirma Osório Marra Tengo, atingido pelo rompimento.

Segunda etapa acontece entre 28 de maio e 20 de junho 

A segunda etapa do DFIPA servirá para aprofundar e complementar as informações coletadas. Sobretudo, a respeito de questões relacionadas às atividades produtivas e à saúde da população atingida, pois na primeira fase o intuito era o de conhecer o território e as famílias. Serão realizadas entrevistas com pessoas do territórios após sorteio, um método de pesquisa amostral, no qual a seleção é feita de maneira aleatória.  É, contudo, importante ressaltar que aqueles que não participarem da entrevista não irão se prejudicar. 

Nesta etapa, serão feitas entrevistas, tanto presenciais, quanto por telefone. Assim como no primeiro momento, a Civitas também irá executar a próxima fase da pesquisa. As pessoas sorteadas para participar serão avisadas previamente por ligação. Entretanto, quem não estiver na comunidade e for selecionado para a segunda etapa não deverá se preocupar, pois poderá participar de maneira remota, via chamada por telefone.

Veja o calendário completo de entrevistas presenciais: 

  • 28/05 – Início da segunda etapa do DFIPA
  • 29/05 e 30/05 – Fazendinhas Baú e Recanto do Piau
  • 31/05 e 01/06 – P.A. Queima Fogo e Chácara Chórius
  • 03/06 a 05/06 – Angueretá 
  • 06/06 – Encontro das Águas
  • 07/06 e 08/06 – Angueretá 
  • 10/06 a 16/06 – Cachoeira do Choro 
  • 18/06 a 20/06 – Recanto do Laranjo

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