Diálogo com mulheres, crianças, idosos, jovens, comunidades tradicionais e outros ajuda o Guaicuy a entender demandas de grupos específicos
O rompimento da barragem em Brumadinho atingiu grupos sociais de formas diferentes. Mulheres, crianças, idosos, jovens, comunidades tradicionais e outros grupos.
Com o objetivo de entender melhor as demandas desses grupos, o Instituto Guaicuy tem promovido espaços de diálogo com cada um deles.
E os adolescentes? As juventudes também têm voz, vez e hora!
Nesta segunda-feira (05/04), a moçada do Lago dos Cisnes se reuniu para falar de brincar, de sonhos e das delícias do seu lugar.
Adolescentes de 12 a 15 anos se reuniram com a equipe do Guaicuy para falar sobre o rompimento da barragem, sobre como a vida segue neste momento e quais são seus desejos para a comunidade.
Elas e eles falaram de atividades como costura, crochê, artes, brincadeiras, jogos eletrônicos e também falaram sobre pescaria e sobre os afazeres domésticos.
A vida das juventudes tem suas questões próprias, sobretudo, quando se trata de ambiente rural, ribeirinho ou tradicional. Apesar dos gostos parecidos relativos ao mundo da tecnologia, tem algo a mais que a juventude se agarra, assim nos conta João Pedro, que tem 12 anos. “Gosto de jogar freefire, assim como André. Mas o que gosto mais de fazer mesmo é pescar. Gosto de ir na represa para nadar também”. E, quando perguntado se é um pescador dos bons, ele respondeu com modéstia: “profissional eu não sou, não, só pego peixe de um quilo e meio”, brincou.
A potência nas juventudes anima a busca por direitos e demonstra que vale a pena a caminhada rumo à reparação integral para todas e todos.
Mulheres em roda: juntas pela reparação integral
No dia 31/03, fechando o mês de março, com toda sua simbologia de luta para as mulheres, a força feminina das comunidades de Felixlândia e Três Marias se reuniu em em roda no “Encontro de afetos: mulheres das águas em busca por direitos”.
Ali, foi possível observar que as mulheres se solidarizam com outras histórias parecidas e, mais que conhecer outras histórias, elas relataram que não se sentem sozinhas, como afirmou Luzelina do Lago dos Cisnes: “eu tenho a impressão que se juntar somos uma só”.
Mulheres de diferentes comunidades relataram que suas atividades, geralmente consideradas um “complemento na renda”, foram prejudicadas por conta do rompimento. Criação de galinhas, artesanato, pesca, horta são algumas delas. Todas essas atividades garantiam renda para compra de remédios, comida ou outras necessidades.
Embora morando em comunidades tão distantes, os relatos de Fátima, de Três Marias, e Luzelina, do Lago dos Cisnes, parecem uma só voz. Luzelina conta: “deixei de criar galinha. Era uma pequena fonte de renda, mas dava pra comprar remédio pro esposo, pro filho. A minha luta aqui é difícil, é pesada”. E Fátima completa: “a gente que gosta de pescar entra dentro da água. E aí é quando saem manchas no corpo, resseca a pele. É o que tá acontecendo depois do rompimento. Tem peixe que diminuiu também. Era pouco, mas dava. Eu vivia da pesca. E agora? Como que faz?”. Ambas tiveram atividades econômicas prejudicadas. Em outra questão elas também se parecem, na garra e alegria para continuar.
Outras mulheres presentes também relataram problemas de muitas ordens, inclusive de saúde psicológica ou dermatológica, por exemplo.
Para acolher diferentes demandas, a equipe multidisciplinar do Guaicuy esteve presente, com seus conhecimentos técnicos e também com seus afetos.