Folha de S. Paulo, Yahoo e Rádio UFMG Educativa foram alguns dos veículos que abordaram o tema; portal G1 (Globo) denunciou dificuldades que comunidade enfrenta na pandemia
Nos últimos dias, reportagens da imprensa nacional e mineira abordaram a busca da comunidade Kaxixó pelo reconhecimento como atingida, dois anos após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, que afetou territórios até Três Marias. Outros povos e comunidades tradicionais que foram lesados, dentre quilombolas e indígenas, também foram mencionados na cobertura.
A comunidade do povo Kaxixó está localizada na aldeia Capão do Zezinho, em Martinho Campos (área 5), território assessorado pelo Instituto Guaicuy. Embora não reconhecidos em um primeiro momento como atingidos, o povo Kaxixó segue em luta pelo reconhecimento e pelo direito às medidas emergenciais e à reparação integral dos danos causados pelo desastre da Vale.
A Folha de S. Paulo entrevistou uma das lideranças da comunidade, Liderjane Gomes da Mata, a Jane Kaxixó: “A gente não recebeu nada, nem sabia que teria direito até ser comunicado pelo pessoal da Guaicuy” (…). A gente tem dificuldade para pegar peixe, com a vazão da água também”.
A matéria explica que o território é banhado pelo rio Pará, onde foram observados impactos como a migração de pescadores que frequentavam o Rio Paraopeba e também na captação de água.
“Não adianta só mandar dinheiro. (…) Dinheiro é bom, mas a gente precisa do meio ambiente, porque a gente precisa de coisas que vamos enxergar lá na frente e vamos ver o resultado, do rio sendo preservado, de uma nascente sendo preservada… Pagar indenização para uns e para outros não vai resolver nosso problema, porque quando for amanhã vamos estar com dinheiro e sem a água? Não! Queremos que ela olhe o estrago que ela [Vale] fez e olhe para os rios com mais responsabilidade”. Este foi o depoimento de Altair Teodoro da Silva, vice-cacique da aldeia Capão do Zezinho, para a reportagem veiculada na Rádio UFMG Educativa.
A reportagem da rádio explica que a vazão do Rio Pará, que margeia a comunidade, diminuiu por causa do abastecimento a mais empresas, a mais comunidades rurais e ao município de Pará de Minas, que antes captavam água do Rio Paraopeba. Segundo os relatos dos kaxixó na matéria, a pesca se tornou mais difícil e a travessia por canoas também.
Além disso, o aumento de turistas, impedidos de usar as águas do Paraopeba, também foi citado como um dano, tendo em vista que sobrecarregou o uso do Rio Pará, restando menos espaço no território para lazer e manifestações culturais dos kaxixó.
O relatório produzido pelo Instituto Guaicuy sobre os danos observados na comunidade, que foi entregue ao Ministério Público Federal (MPF), também foi mencionado na reportagem da rádio.
Os prejuízos e dificuldades causados pelo desastre da Vale foram ainda mais agravados pela pandemia. O portal G1 (Globo) publicou uma matéria sobre o apelo que o representante da comunidade indígena Kaxixó do Capão do Zezinho, Otávio Júnior Costa, fez para que a comunidade seja vacinada nesta primeira etapa da vacinação contra a Covid-19. Segundo o G1, “até o momento, oito indígenas da comunidade, que tem 102 moradores, testaram positivo para doença e mais quatro aguardam resultado dos exames”. Segundo o G1, a Secretaria de Saúde do município informou que 40 doses da vacina foram aplicadas na comunidade.
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