Júlia de Carvalho, Ana Luz Guerra, Camila Alvarenga e Maria Lúcia Santos Fernandes,
equipe de Estudos Econômicos do Instituto Guaicuy
Com o objetivo de mapear as atividades econômicas impactadas com o rompimento da barragem, a parte da equipe de estudos econômicos do Instituto Guaicuy esteve, seguindo todos os protocolos de cuidado em relação à Covid-19, na região de Felixlândia entre 4 e 8 de agosto.
O foco do trabalho esteve em aprofundar a identificação dos danos nas cadeias produtivas de turismo, lazer, de pesca e criação de peixes. Afinal, a economia de toda região depende principalmente dessas atividades, e os receios sobre a qualidade da água impactaram no modo de vida de quem vive no local.
Com a urgência do levantamento de informações para apoiar o processo de redefinição dos critérios para o recebimento de suportes emergenciais pela mineradora Vale, a equipe de estudos econômicos da Assessoria Técnica Independente do Guaicuy decidiu concentrar o trabalho de campo em Felixlândia, pois, embora ainda não seja reconhecido, está muito próximo de Curvelo e Pompéu, já reconhecidos como impactados pelo juiz do processo.
A equipe conseguiu entrevistar mais de 90 pessoas. Foram relatados diversos tipos de danos diretos às atividades produtivas, bem como às atividades produtivas domésticas, impactando diretamente na perda de renda e de qualidade de vida da população local.
“Antes desse rompimento da barragem, nossa vida era muito farta de peixe, de turismo, de tudo, de muita coisa boa. Só que agora, depois desse rompimento, acabou tudo pra gente. A gente pesca o peixe e os turistas não querem comprar o peixe, e quando compram querem pagar uma mixaria. A gente vendia o peixe a 15 reais o quilo para o turista antes do rompimento, e agora não querem pagar nem dez reais! (…) Quando a gente acha um peixeiro que quer comprar o peixe temos que passar ele à cinco reais! Prejudicou nós demais, muito mesmo….” mencionou uma pescadora ouvida pela equipe.
Esses diálogos são fundamentais para que, junto com o Guaicuy, as pessoas possam se fortalecer cada vez mais na busca pela reparação do que foi destruído pelo rompimento da Vale. Por isso, a participação social de todos e todas as interessadas é fundamental. Quem realmente conhece como é viver no baixo Paraopeba e no entorno de Três Marias é quem vive no baixo Paraopeba e no entorno de Três Marias. E nós estamos juntos.
As informações serão agrupadas e sistematizadas com forma de comprovar os impactos às atividades econômicas produtivas e reprodutivas da região, fazendo com que os municípios do entorno da Represa de Três Marias sejam também reconhecidos dentro do processo que a Vale responde na Justiça.
O primeiro passo é identificar as perdas econômicas, para que a população desses locais também seja considerada para o Pagamento Emergencial. A inclusão das pessoas atingidas do entorno da Represa para o recebimento desse auxílio é fundamental para que elas tenham mais fôlego para lutar pelo processo de reparação integral de toda a região.
Em outras vezes, sempre com segurança e buscando alcançar o máximo de pessoas possível, essas conversas irão acontecer. Participe! Mande críticas e denúncias, entrando em contato pelo nosso número de Whatsapp 31 9 7183 7960.
O momento é somar as forças possíveis para que as comunidades atingidas sejam ouvidas e os responsáveis assumam os seus deveres para com as principais “vítimas”.