1º Encontro de Comissões da Região 4 faz avançar a organização das pessoas atingidas pelo desastre-crime da Vale

A cidade de Pompéu recebeu no dia 3 de junho o 1º Encontro de Comissões da Região 4. Participaram 50 pessoas atingidas pelo desastre-crime da Vale, dos municípios de Pompéu e Curvelo, representando Comissões de pessoas atingidas e lideranças comunitárias de 15 diferentes comunidades.

No encontro, foram realizados dois importantes debates. O primeiro, pela manhã, sobre o que são as Comissões e qual a importância da organização das pessoas atingidas nesses espaços. O segundo, pela tarde, sobre o Sistema de Participação das pessoas atingidas no processo de luta pela reparação integral.

Imagem de Paulo Marques/Guaicuy

Abertura

O evento começou com uma canção sobre a luta das pessoas atingidas, ensinada a todos os presentes por Eunice Godinho, da Comissão da Cachoeira do Choro e do Encontro das Águas. “Atingidos estão chegando, pelas portas e janelas, avenidas e vielas, eles estão chegando”, dizia o refrão da música, que foi cantada em alto e bom som.

Em seguida, a diretora do Instituto Guaicuy, Carla Wstane, fez uma breve fala de abertura, contextualizando o processo de luta pela reparação integral de 2019 até o momento. “Hoje temos várias Comissões na Região 4 e isso é uma grande conquista. O encontro de hoje tem o objetivo de nos conhecermos melhor e de nos compreendermos nessa luta. Fortalecer relações, fortalecer as Comissões, fortalecer o Sistema de Participação”, disse Carla.

Tatiane Menezes, da Comissão dos Assentamentos Queima Fogo e Chácara Chórius, apresentou brevemente o coletivo Guerreir@s do Paraopeba, organização independente de pessoas atingidas da Região 4 e 5. José Geraldo Martins, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), também teve um espaço de fala para apresentar o movimento.

Somos todos iguais, braços dados ou não

A primeira atividade do encontro foi a divisão das pessoas atingidas em cada uma das Comissões ou comunidades da Região 4. Dentro do espaço da Comissão, as pessoas tiveram que debater entre si para definir um lema. Ou seja, o que a Comissão defende, como ela se coloca, qual é sua identidade. 

As Comissões produziram, então, cartazes com seus lemas e o apresentaram a todas as pessoas presentes no Encontro. Curiosamente, duas comissões escolheram trechos da canção “Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores”, de Geraldo Vandré, para representar os desafios da luta pela reparação. 

Caminhando e cantando

E seguindo a canção

Somos todos iguais

Braços dados ou não

Nas escolas, nas ruas

Campos, construções

Caminhando e cantando

E seguindo a canção

Vem, vamos embora

Que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora

Não espera acontecer

Esperança, luta pela terra, trabalho, luta por reparação, justiça já, prosperidade, união e vida foram algumas das palavras também escolhidas pelas Comissões nos lemas e cartazes. Veja todos os lemas na foto abaixo:

Imagem de Paulo Marques/Guaicuy

Importância das comissões

O último espaço de debate pela manhã foi sobre a importância e o funcionamento das comissões. João Martins, coordenador do Guaicuy na Região 4, conduziu a discussão explicando o conceito de comissão, as diferenças entre comissões e núcleos comunitários, entre outras coisas. “As Comissões independem do Guaicuy, o protagonismo é das pessoas atingidas”, lembrou.

Diversas pessoas atingidas participaram dos debates, expondo suas opiniões e as de suas comunidades. Ao final, ficou decidido que o Instituto Guaicuy garantirá, com o devido planejamento prévio, 5 reuniões presenciais por ano para cada uma das Comissões, bem como 2 encontros regionais de Comissões por ano. Também foi encaminhada a criação de um grupo de Whatsapp do qual participarão todas as comissões da Regional 4. 

Avaliação

João Martins, coordenador do Guaicuy na Região 4, avaliou positivamente os debates realizados no Encontro. “A gente reuniu Comissões e lideranças das diversas comunidades. Foi um encontro muito importante porque marca mais um passo dentro do processo de reparação, dentro dessa luta. As pessoas puderam se conhecer e se unir um pouco mais nesse processo que é fundamental pelos direitos das pessoas atingidas”, afirmou.

A visão foi compartilhada pelas pessoas atingidas, como é o caso de Leandra Cristina dos Santos, da comunidade do Quilombo Saco Barreiro. “Eu tive a oportunidade de falar, entender e conhecer a situação de outras comunidades. Porque talvez eu vivencie um problema, mas outras comunidades tenham problemas piores que os da minha comunidade. Isso é muito importante para a gente ter troca de ideias e troca de conhecimentos”, avaliou. 

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