Esta é a quarta edição da série de boletins elaborados pela equipe de Saúde e Assistência Social do Instituto Guaicuy com informações sobre saúde para as pessoas atingidas. A série prevê, ao todo, oito publicações e nesta quarta edição, o tema abordado são as violências sofridas pelas pessoas atingidas.
Além das consequências socioambientais mais perceptíveis, ocasionadas pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, em janeiro de 2019, pessoas e comunidades atingidas ao longo do rio Paraopeba, da represa de Três Marias e comunidades do São Francisco localizadas nos municípios de Três Marias e São Gonçalo do Abaeté, convivem com consequências que, muitas vezes, não são percebidas tão facilmente: as violências. Elas são consideradas um problema de saúde pública, pois, além de uma violação aos Direitos Humanos, são também uma ameaça à integridade física e causam implicações na saúde de pessoas e comunidades.
Por isso, pensando no cenário de impactos na vida das pessoas atingidas pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, a equipe de Saúde e Assistência Social do Guaicuy vem elaborando uma série de boletins informativos.
O material busca contribuir com informações a respeito das alterações na saúde que podem acontecer a partir do contato com metais pesados e materiais tóxicos, originários do rompimento da barragem da Vale; ou devido a outras situações ocasionadas pelo desastre-crime, como a perda de renda e as alterações no modo de vida.
Assim, o tema do 4º boletim de saúde são as violências. O material explica os tipos de violências e quais são obrigatoriamente registradas nos serviços de saúde; quais os sinais e sintomas de que uma pessoa está vivenciando uma situação de violência; o que o Guaicuy levantou até o momento junto às pessoas atingidas sobre as violências ocorridas após o rompimento da barragem da Vale; e o que fazer em caso de violência.
Boletim Nº 4 – violências surgidas ou agravadas com o rompimento
As violências são um fenômeno complexo, ocasionadas por múltiplas causas, e que se relaciona com fatores históricos, sociais, econômicos e políticos, divididas em:
- violência autoprovocada (tentativas de suicídio, suicidio, automutilação, etc);
- violência interpessoal intrafamiliar/doméstica (quando a vítima e o agressor são da mesma família ou possui vínculo afetivo);
- violência interpessoal extrafamiliar/comunitária (quando a vítima e o agressor não são da mesma família, incluindo as violências institucionais ocorridas em escolas, locais de trabalho, etc);
- violência coletiva (a exemplo de guerras, ataques terroristas ou manutenção de desigualdades sociais, econômicas e etc).
Junto às pessoas atingidas, o Guaicuy vem avaliando as violências registradas nos serviços de saúde nos municípios das regiões 4 e 5. O levantamento compara a média dos casos de 2016 a 2018, o que inclui períodos anteriores ao rompimento, com os anos de 2017 a 2019, que evidencia o ano após o rompimento.
A partir do estudo, foi observado um aumento na média móvel de casos de violência notificadas em Felixlândia (25%), Três Marias (25%), Pompéu (18%), Morada Nova de Minas (7%) e Curvelo (2%), principalmente as violências domésticas e autoprovocadas.
Confira aqui o boletim de saúde Nº4 (sobre violências) na íntegra!
Quer saber mais? Confira também as edições anteriores do boletim saúde:
Boletim Nº1: alterações na pele