A organização popular é como uma montanha russa de emoções. Na caminhada vão se acumulando reuniões, plenárias, discussões, formulações de projetos coletivos, avaliações do processo e por aí vai. Mas sabemos que sem alegria ninguém segue na luta, não é verdade? Com o objetivo de mobilizar os afetos e partilha é que o 1º Cine D’água aconteceu em Pontal do Abaeté, comunidade de São Gonçalo do Abaeté, à beira do rio São Francisco.
O encontro, que aconteceu no último dia 5 de agosto, também foi um momento de compartilhar com a comunidade o resultado das entrevistas dadas pelos moradores, que resultaram no filme documentário “Depois da Represa tem um rio – Comunidades do São Francisco buscam reparação”.
A equipe de comunicação do Guaicuy (em parceria com as demais equipes, pois a coletividade é que faz a força) percorreu algumas das comunidades do rio São Francisco para registrar as narrativas das pessoas atingidas que vivem no rio.
Reconhecimento e auto-reconhecimento são palavras não ditas que saltavam aos olhos dos moradores e moradoras locais ao se verem retratadas no grande telão montado na parede da casa do Seu Nelinho do Barreiro. Ao final do espaço, houve um momento de troca de impressões sobre o filme, mas durante a exibição as impressões não passaram batido, risos, aplausos ou aquele fuxico “olha ali o fulano”.
O Cine D’água na comunidade de Pontal do Abaeté também foi uma forma de agradecer a confiança dos moradores que abriram as portas de suas casas e se deixaram ser prosa com a equipe do Guaicuy, relatando seus danos, prejuízos e seus sonhos de reparação.
Outras atividades como esta devem continuar acontecendo como estratégia de mobilização por meio do cinema e da arte, afinal de contas a luta por reparação também pode mobilizar outros afetos por direitos, não é mesmo?
