Cartas de Luta #2 – Maria José da Silva

Hoje, dia 25 de janeiro de 2022, completam-se três anos de um dos piores crimes da história do Brasil. 12,7 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério da Vale S.A. invadiram casas, terrenos, sonhos e mataram 272 pessoas. O rompimento da barragem atingiu de diferentes formas comunidades ao longo da Bacia do Paraopeba e da região do Lago de Três Marias, causando diversos danos ambientais e sociais.

Para contar um pouco dessa história, pessoas que vivem nas atingidas assessoradas pelo Guaicuy escreveram Cartas de Luta sobre o que vivem desde que o rompimento.

Cartas de Luta #2 – Maria José da Silva


Meu nome é Maria José da Silva, moro na comunidade de Ribeiro Manso, em Felixlândia. Antes da barragem estourar, minha vida era só alegria, tinha lazer, pescava, me divertia muito, meus filhos vinham sempre nos visitar, era muito bom. E também tinha minha renda para ajudar nas despesas de casa, que eram meus produtos caseiros, como pães, salgados, bolos, biscoitos, sorvetes, geladinhos, etc.

Depois do acontecido, foi só tristeza e sofrimento. Perdi todos meus clientes, porque eles achavam que os produtos estavam contaminados, então fiquei sem renda alguma.

Também não podíamos mais pescar, não podíamos mais tomar banho no rio, acabou nosso lazer. Aí começaram os problemas… Fiquei com minha saúde afetada, entrei em depressão profunda, tive que fazer controle com psicólogo, muita ansiedade, perdi o gosto da vida. Era um sonho morar à beira do rio que estava se destruindo.

Agora vivemos com a cabeça a mil, porque a gente não sabe o que fazer. Hora fala que está contaminado, hora fala que não está. Não sabemos o que fazer e tudo fica mais difícil a cada dia que passa. E minha saúde só piora, tenho muito medo do que pode acontecer. E agora minha casa foi tomada pela água do rio também.

Maria José da Silva
Ribeiro Manso – Felixlândia (MG)

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